A alimentação ideal

O vegetalismo é indispensável na transição, mas, embora preferível ao carnivorismo, tem também desvantagens.

Os vegetarianos são mais saudáveis que os comedores de carne ou peixe, ou os tomadores de chá ou de vinho.

Entretanto, quem come quaisquer alimentos adulterados por manipulações em que entre o calor, está a fornecer auxiliares à população microbiana, destruidora da constituição dos órgãos e aparelhos vitais.

Foi o sábio inglês Dr. Densmoore que lançou o grito de alarme contra os vegetarianos, fazendo valer a necessidade da alimentação crua, em que predominam os frutos oleaginosos de vária espécie; cocos, pinhões, amendoins, e em especial as saladas cruas.

Foi um sucesso na Inglaterra, onde estes problemas se estudam e levam a rigor. Muitos outros médicos e filósofos têm seguido as pisadas do Dr. Densmoore. A verdadeira dieta do homem foi achada, e constitui uma combinação centrada em três variedades de frutos: cinquenta ou cem gramas de nozes descascadas, três ou seis maçãs, três ou seis laranjas: eis uma excelente refeição.

Algumas horas depois pode tomar-se outro repasto sóbrio e frugal, como aquele, cozinhado pelo sol, e com os necessários elementos constitutivos do organismo.

É preciso juntar frutos oleosos aos farináceos e aos sumarentos. Algumas castanhas do Maranhão, seis bananas e seis laranjas são o bastante para uma das refeições diárias.

A dieta natural não cozinhada é a última palavra da bromatologia, em concordância com o viver do homem, antes da descoberta do fogo, no período em que apareceram as árvores frutíferas e de folha caduca.

O corpo humano deve ser considerado um condensador eléctrico, que é preciso carregar da influência do sol. Se assim não se fizer, as funções orgânicas perturbam-se e anormalizam-se.

Ora, para se obter a carga conveniente da “bateria” chamada organismo, é indispensável tomar banhos de sol e ar, e comer alimentos não cozinhados.

Quem usa carne, peixe, ovos, preparados na cozinha, ingere uma albumina coagulada. O amido dos vegetais, do pão cozido, fica modificado pelo calor e desintegrado. As gorduras fundem-se, e os sais orgânicos tornam-se minerais. O calor deturpa e aniquila a vitalidade dos tecidos.

O leite fervido não se separa em soro nem se coagula; só fermenta. Os ovos cozidos não podem produzir aves. Os frutos cozinhados, deitados à terra, não germinam das suas sementes.

Todos os males do organismo dependem principalmente do alimento cozinhado, dos prejuízos dos remédios e da falta de ar puro e de sol.

A culinária quis tornar mais fácil a mastigação e a digestão, e por isso o homem quase não mastiga nem digere; sendo certo que se devia almoçar ou jantar numa hora, observa-se que qualquer pessoa como num quarto de hora uma refeição cozinhada, dando assim um trabalho enorme ao aparelho digestivo, o qual, decorridas cinco ou seis horas, ainda não tem tornado apta a parte útil dos alimentos modificados ao lume.