A doença de Alzheimer

A doença de Alzheimer é a causa mais frequente de demência entre as pessoas com mais de 65 anos. Estima-se que uma em cada vinte pessoas entre os 50 e os 70 anos sofre desta doença. Entre os com mais de 85 anos, o número de afectados ascende aos 20%, e calcula-se que este número aumentará devido ao aumento da expectativa de vida nos países desenvolvidos.

Como se sabe, trata-se de uma doença de evolução lenta, caracterizada por uma demência progressiva, com perda da memória, diminuição na realização de tarefas rotineiras, dificuldade nos juízos, desorientação, alterações da personalidade e perda da linguagem.

A princípio, a pessoa sente dificuldades para aprender e reter informação nova. Logo começa a perder a memória, e torna-se difícil recordar pessoas e factos da juventude. Depois aparecem outros sintomas, como a afasia, que é a dificuldade para expressar pensamentos através da linguagem.

Outro sintoma é o que se denomina agnosia, que é a dificuldade para reconhecer caras familiares ou lembrar-se que tem de tomar um medicamento, por exemplo. Também perde o sentido da orientação, ignorando como voltar para casa. De qualquer maneira, nas primeiras fases da doença, pode alimentar-se, tomar banho e vestir-se sem ajuda. Mas as alterações da personalidade, a irritabilidade, a ansiedade ou a depressão, podem causar sérios problemas na relação com os familiares e amigos.

Nas fezes mais avançadas, os pacientes podem sofrer alucinações e pensamentos irracionais, como acreditar que são perseguidos ou que alguém quer roubar-lhe os seus pertences.

Já se sabe que a duração da doença pode ser de 7 a 14 anos ou mais. Nos primeiros 2 a 3 anos, os sintomas são muito subtis e a doença pode passar despercebida. O factor de risco mais importante é a idade, já que o cérebro, com os anos, vai apresentando mudanças estruturais e funcionais e os neurónios e células do sistema nervoso são muito sensíveis aos efeitos do envelhecimento, pois, com o tempo, modifica-se na quantidade e na sua forma.

De facto, a partir dos 50 anos, perde-se à volta de 5% dos neurónios em cada dez anos de vida.

Os especialistas consideram que existem factores genéticos que aumentam o risco de sofrer deste mal que afecta tantos milhões de pessoas no mundo.

Actualmente, a certeza do diagnóstico é de aproximadamente 85%, e só se confirma por análise post morten ao cérebro do paciente.

A doença de Alzheimer vincula-se, frequentemente, com a depressão. O neurologista que trata o doente deve decidir qual destes transtornos é o primário. A depressão pode estar acompanhada de deterioração da capacidade cognitiva; também a demência, nas suas etapas iniciais, pode ser acompanhada de depressão.

Em estudos recentes observou-se que entre 40 e 50% dos pacientes têm humor depressivo, e de 10 a 20%, sintomas de depressão. A deterioração parece ser maior nos casos em que a doença de Alzheimer está associada à depressão.

Nos doentes em que o primário é a depressão, só ficam afectados os processos cognitivos activos, que requerem um esforço voluntário do paciente. Em troca, na doença de Alzheimer, o transtorno é generalizado e afecta tanto os processos activos como os automáticos. Mediante uma série de testes psiconeurológicos é possível diferenciar os transtornos cognitivos em ambas as condições e, deste modo, contribuir para o diagnóstico mais preciso.

Com respeito ao tratamento da doença, empregam-se medicamentos para melhorar a função intelectual. Estas drogas, chamadas inibidoras da colinestasa, incrementam os níveis de acetilcolina, o que ajuda a restaurar a comunicação entre os neurónios, devendo também empregar-se técnicas de psicoterapia.

A grande recomendação é a de que os doentes mantenham contactos com os familiares e amigos e que, dentro do possível, continuem as suas actividades intelectuais e manuais.