As células gliais

Estas células, em quantidades dez vezes mais importantes que as células nervosas ocupam o espaço deixado vago pelos neurónios. Criam, à volta delas um micro-ambiente que as isola de qualquer contacto com os outros tecidos. Electricamente silenciosas, as células gliais foram primeiro descritas como simples elementos de coesão do tecido nervoso.
Mas as pesquisas levadas a cabo nos últimos 20 anos, mostram o seu papel primordial na actividade cerebral e fazem delas os parceiros essenciais dos neurónios.
No sistema nervoso central existem quatro tipos de células gliais:

O oligodendrócito
É uma célula pequena cujos prolongamentos se enrolam em diversos filetes à volta dos axiónios vizinhos para formar a bainha de mielina. Esta é, regularmente interrompida entre cada prolongamento oligodendrítico por curtos espaços chamados nós de Ranvier.

Relance
A mielinização dos axiónios é a função mais importante atribuída aos oligodendrócitos. Graças às suas qualidades de isolamento eléctrico e à sua estrutura descontínua, a bainha de mielina assegura a eficácia e rapidez de condução do influxo nervoso constante. Assegura assim a boa propagação do sinal eléctrico ao longo do axiónio.

A destruição da bainha de mielina no cérebro, tal como se observa na esclerose em placas, provocou uma total desorganização da transmissão do influxo nervoso, o desaparecimento dum só oligodendrócito alterando o funcionamento de 15 a 30 neurónios, o que provoca graves perturbações da motricidade, da linguagem e da memória.

Astrócito
Retira o seu nome da sua forma de estrela: duma pequena massa citoplásmica partindo dos prolongamentos diversamente ramificados que, em contraste com as outras células, se alargam em pé astrocitário.
Os astrócitos, identificados por Ramon y Cajal, em 1913, durante muito tempo foram considerados como simples células de apoio ao sistema nervoso central. Com efeito, os astrócitos formam uma rede tridimensional entre os neurónios, verdadeiro apoio estrutural do tecido nervoso. Quando duma lesão cerebral, uma reacção de gliose astrocitária preenche os espaços vazios, sem que se saiba se isso é verdadeiramente benéfico.

Descoberta independentemente por Nissl e >Robertson, a célula microglial foi estudada mais em detalhe por Del Rio Ortega a partir do início do século XX. Todavia, a sua origem embrionária e a sua natureza celular, ficaram sujeitas a controvérsias até meados dos anos 80. Saída duma linha de macrofágios, a microglial é activada no decorrer de diversas tentativas do sistema nervoso central: isquémias, lesões, doenças do tecido cerebral e à reacção inflamatória, assegurando funções imunitárias, tais como a eliminação dos resíduos celulares, por fagocitose, a apresentação do antigénio e a secreção de diferentes factores tróficos ou tóxicos, como as citoquinas, os factores de crescimento. Actualmente, os estudos conduzidos na microglial são, essencialmente para compreender a evolução de patologias como a encefalopatia por HIV, a esclerose em placas ou a doença de Alzheimer.

Célula epidémica ou ependimócito
De forma cilíndrica, tamanho variável, com uma espécie de cílios no seu pólo de base. Ligadas pelas faces laterais, constituem a parede das cavidades cerebrais que contêm o Líquido Céfalo Raquidiano – LCR. Graças a seus cílios móveis, asseguram a circulação do LCR nos ventrículos cerebrais. A sua localização torna-as uma barreira filtrante, que regula as trocas entre o LCR e o sistema nervoso c entral.