Associam-se à demência

Transtornos da linguagem – a chamada afasia, em que o paciente “esquece” o nome das coisas, “não lhe sai” o nome nem das pessoas nem dos lugares, começando a ficar bloqueados os dos objectos mais vulgares. Ao fim dum tempo, não entendem bem, o que se lhes diz ou se lhes pergunta. A linguagem passa a ser cada vez mais pobre, contém menos informação, as frases deixam de ter sentido e, no final, perde a capacidade de falar, ficando o paciente totalmente ausente e incomunicável.

Dificuldade gestual – a apraxia; no início manifesta-se em acções complicadas, como manejar instrumentos de trabalho ou utensílios domésticos ou conduzir, mas logo se perdem até os mais simples, como manejar os talheres, vestir-se ou saudar alguém.

Agnosia – dificuldade para reconhecer ou compreender o significado do que vê, ou toca…

A tudo isto se junta uma atitude de indiferença ou ignorância do problema ou, pelo menos, uma desvalorização. Embora ao princípio possa haver uma certa depressão ou ansiedade ante as falhas, rapidamente chama a atenção a tranquilidade com que o paciente reage face aos enormes erros que comete.

É típico que os negue, o que por vezes pode exasperar a sua família, ou que tente justificá-los de forma ingénua, infantil ou, por vezes, pelo contrário, com explicações muito rebuscadas ou extravagantes, não esquecendo a agressividade.

«Que dia é hoje?» “Não sei; nunca me preocupei com essas coisas!” «Quantos filhos tem?» “Dois ou três”, e sorri prazenteiro, como se não tivesse a menor importância não recordar algo assim. “Tens alguma coisa com isso..? vai…”

Diferentemente da pessoa ansiosa ou deprimida, com transtornos de memória, o paciente não parece sofrer muito com as suas dificuldades. Pode aborrecer-se um bocado, mas rapidamente esquece que não foi capaz de atender o telefone ou que confundiu o filho com o neto.

Como, por outro lado, o paciente conserva durante muito tempo os automatismos sociais, tem bom aspecto e aparentemente “tudo” (entra, sai, vê televisão, folheia o jornal, vagueia pela casa e pela cozinha…), é fácil que o problema passe despercebido aos vizinhos, conhecidos ou aos familiares que com ele convivem.

Assim, é muito corrente que o cônjuge sofra sem ter entendido o que estava a suceder, no início duma doença de Alzheimer no seu par e que, após o falecimento, os filhos fiquem surpreendidos ante a grave deterioração mental sofrida pelo paciente.