Conceitos importantes sobre Alzheimer
O conceito da palavra demência conduz, implicitamente, à ideia da deterioração, quer dizer, à perda de algo que previamente tinha sido adquirido.
• Na demência perde-se a qualidade da actividade intelectual e ou cognitiva, qualidade de conduta, ambas as coisas em grau suficiente para conduzir a uma dificuldade certa na realização das actividades da vida diária.
• Podemos falar de demência quando uma pessoa tem perda dessas três capacidades. Em troca, quando uma pessoa tem alteradas essas três capacidades, mas desde sempre, e que, portanto, as mesmas não representam uma perda de algo previamente adquirido, podemos falar de atraso, de ausência de desenvolvimento, mas nunca de demência.
• A doença de Alzheimer é a causa mais frequente da demência. Talvez por essa razão, é uma doença que se pôs em moda; todos falam da doença ou mal de Alzheimer. No entanto, não é a única. Outras doenças, menos conhecidas pela sociedade e inclusive por alguns médicos, são também causa frequente de demência. Por exemplo, para nomear apenas algumas, já antes citadas, a doença de Pick, a Vascular Cerebral, a Hidrocefalia Normotensiva.
• A demência produz-se de preferência (não exclusivamente) durante a etapa do envelhecimento. Mas é importante deixar claro que nem todo o sujeito que envelhece tem de sofrer de demência.
• A perda da memória é um sintoma precoce na doença de Alzheimer. Mas não mé o único. Além disso, outras doenças que também produzem demência, não apresentam transtornos da memória, a não ser nas etapas tardias da doença: tais doenças apresentam, em troca, graves alterações do comportamento, desde o início, com a preservação da memória.
• O transtorno da memória, como se observa na doença de Alzheimer, tem certas características que podem ser identificadas clinicamente, e para isso, não é necessário um profissional “iluminado”, mas um profissional adequadamente treinado.
• A informação imprecisa que abunda nos meios massivos de comunicação a respeito da doença de Alzheimer, o conhecimento parcial da mesma, têm inclusive muitos meios, e possivelmente algum interesse do tipo comercial, geraram na população um exagerado medo de vir a sofrer dela. É importante enfatizar que nem todo o transtorno da memória significa, necessariamente, o começo duma doença de Alzheimer. Um transtorno da memória pode estar ligado a alguma outra circunstância não tão grave como a doença de Alzheimer. Por exemplo, a depressão. É necessário desenvolver planos de educação para a detecção precoce da mesma. Mas é também muito importante contribuir para baixar os níveis do medo sofrido pela população com respeito à possibilidade de vir a sofrê-la.
• Não é verdade que, uma vez diagnosticada a doença de Alzheimer, não existam coisas que podem fazer-se com o doente, para preservar o maior tempo possível, uma adequada qualidade de vida. Neste sentido, é bom saber que existem armas farmacológicas, e também, armas não farmacológicas.
» Para a actividade comportamental, utilizam-se diversos medicamentos com efeito tranquilizante, anti-depressivo, anti-psicótico e indutores do sono. Nalguns casos, fármacos usados para o tratamento da epilepsia podem também cumprir com esta função.
» Para a actividade cognitiva são úteis os agentes inibidores da enzima acetilcolinesteraza. Qualquer outro recurso farmacológico postulado para tal fim, requer maiores provas de eficácia terapêutica.
Entre as armas não farmacológicas, destacam-se: a reabilitação das capacidades deterioradas; a realização de trabalhos que procurem manter a integridade das funções menos danificadas, a abordagem psicoterapêutica do doente, cuidadores e familiares, para um adequado acompanhamento duma situação tão dramática, como é o facto de ter de assistir ao processo de despersonalização dum ente querido.
• Cada vez que os meios massivos de comunicação publiquem informações a este respeito, e muito especialmente aqueles que despertem expectativas excessivamente optimistas (a vacina contra a doença é uma delas), estas devem ser recolhidas criticamente, até serem conversadas com o médico de confiança.
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