Dados de base - II

Não poderão jogar golfe ou ir ao cinema, a banquetes, ser membros de comissões, assistir às sessões das sociedades científicas, dos partidos políticos (a grande desgraça do mundo de hoje), ou das academias, atravessar o Oceano para tomar parte em congressos Internacionais.

Deverão viver como os monges das grandes ordens contemplativas. Não como professores universitários, e muito menos como os modernos homens de negócios.

No decorrer da história das grandes nações, muitos indivíduos se sacrificaram pela salvação do seu país.

O sacrifício parece ser uma condição necessária da vida.

Hoje, como ontem, há homens prontos à suprema renúncia.

SE as pessoas que habitam as cidades sem defesa do litoral fossem ameaçadas por gases e explosivos, nenhum aviador hesitaria em lançar-se, com o seu aparelho e com as suas bombas, sobre os invasores.

Por que não sacrificariam alguns indivíduos a sua vida para adquirir a ciência indispensável à reconstrução do homem civilizado e do seu meio?

É certo que se trata duma empresa extremamente dura. Mas há espíritos capazes de a empreender.

A fraqueza de muitos sábios que se encontram nas universidades e laboratórios provém da mediocridade do seu fim, da estreiteza da sua vida.

Os homens elevam-se quando os inspira um ideal elevado, quando contemplam horizontes vastos.

O sacrifício não é difícil quando se arde de paixão por uma grande aventura. E não há aventura mais bela e arriscada do que a renovação do homem moderno.

A renovação do homem exige que o seu corpo e o seu espírito possam desenvolver-se de harmonia com as leis naturais, e não com as teorias das diversas escolas de educadores.

É preciso que, logo desde a infância, o indivíduo seja libertado dos dogmas da civilização industrial e dos princípios que constituem a base da sociedade moderna.

Para cumprir o seu papel construtivo, a ciência do homem não precisa de instituições caras e numerosas, poderia utilizar as já existentes, bastando que estas fossem rejuvenescidas.

O sucesso de semelhante empreendimento será determinado pela atitude do governo, noutras pela do público.

Na Itália, na Alemanha ou na Rússia, em Portugal ou em Espanha, se o ditador achasse conveniente construir as crianças segundo um certo tipo, e modificar os adultos e a sua maneira de viver, imediatamente surgiam instituições apropriadas.

Nas democracias, o progresso deverá vir da iniciativa popular. Quando o público compreender mais claramente a falência das nossas crenças pedagógicas, médicas, económicas e sociais, perguntará talvez como remediar a situação.