Educação

A educação deve ser orientada com uma atenção incessante, e só os pais lhe podem dar essa orientação. Só os pais, e especialmente a mãe, observaram, desde o seu nascimento, as particularidades mentais cuja orientação é o fim da educação.

A sociedade moderna cometeu o grave erro de substituir, desde a mais tenra idade, o ensino familiar pela escola. E a isso foi obrigada devido a certas atitudes de muitas mulheres.

Estas abandonam os filhos nos jardins de infância para se ocuparem da sua profissão, das suas ambições mundanas, dos seus prazeres sexuais, das suas fantasias literárias ou artísticas, ou simplesmente conviver com as amigas, ir ao cinema, perder o tempo numa azafamada ociosidade.

Causaram assim a extinção do grupo familiar, no qual a criança crescia no meio de adultos com quem aprendia.

(Na Europa, este fenómeno deve-se também, em parte, a duas guerras, que dizimaram milhões de homens, obrigando as mulheres a assumir o papel de pai e mãe ao mesmo tempo.)

Os cãezinhos criados em casa com animais da mesma idade são menos desenvolvidos do que os que andam em liberdade com os pais.

A mesma diferença se encontra entre as crianças que se perdem entre muitas outras crianças e as que vivem com adultos inteligentes.

As actividades fisiológicas, afectivas e mentais das crianças modelam-se facilmente pelas do seu meio.

Assim as crianças pouco têm a receber das outras crianças da mesma idade, e desenvolvem-se mal quando reduzidas a não serem mais do que uma unidade numa escola.

Para progredir, o indivíduo precisa duma solidão relativa e da atenção do pequeno grupo familiar.

É também devido à ignorância do indivíduo que a sociedade moderna atrofia os adultos. O homem não suporta impunemente a forma de existência e o trabalho uniforme e estúpido imposto aos operários das fábricas, aos empregados de escritório, a todos aqueles que têm de assegurar a produção em massa.

O indivíduo encontra-se isolado e perdido na imensidade das cidades modernas. É uma abstracção económica, uma cabeça de gado num rebanho. Perde a sua qualidade de indivíduo, deixa de ter responsabilidade e dignidade.

Do meio da multidão emergem os ricos, os políticos poderosos, os bandidos de grande envergadura. Os outros são apenas poeira anónima.

O indivíduo conserva, pelo contrário, a sua personalidade, quando faz parte dum grupo, em que é conhecido, duma aldeia, duma cidadezinha, onde a sua importância relativa é maior, e dela pode esperar tornar-se, por sua vez, cidadão influente.

O desconhecimento da individualidade provocou o seu desaparecimento real.