Relembrando a descoberta de Alzheimer

Após cem anos a conviver com esta patologia degenerativa, as esperanças de cura do mal, que avança em paralelo com o envelhecimento da população, estão ainda longínquas e, embora certamente não se deva esperar outros cem anos, os cientistas acreditam que se deverá aguardar pelo menos uma década para dispor de tratamentos realmente eficazes contra o Alzheimer.

No mês de Novembro comemorou-se o centenário da descoberta desta doença por Alois Alzheimer. Assim, sob o lema “Cem Anos de História: 1906-2006”, celebrou-se, em fins de Setembro, uma nova edição do Dia Mundial de Alzheimer, com o auspício da Alzheimer’s Diasease International (ADI) e da Organização Mundial de Saúde (OMS), que instaurou há 15 anos, com o fim de dar a conhecer a doença entre a sociedade e difundir informação a tal respeito, além de solicitar o apoio e a solidariedade da população em geral, assim como das instituições e dos organismos oficiais.

Em Novembro de 2006, o neuropatologista alemão Alois Alzheimer apresentou, numa reunião científica, a descrição de uma inusual doença cerebral. No trabalho recolhia-se o curso clínico da doente Auguste D, uma mulher de 51 anos, qua apresentava perda de memória, desorientação, alucinações e demência, que provocaram a sua morte com apenas 55 anos.

Na autópsia que lhe foi praticada, o tecido mostrou um córtex cerebral atrófico, mais estreito que o normal e, além disso,, duas anomalias muito atractivas, que cem anos depois continuam a ser os traços principais da demência de Alzheimer. Também no mundo científico ocorre, como noutras áreas profissionais e a publicação, em 1907, das suas pesquisas, não foi bem recebida pelos colegas de Alzheimer e o hoje conhecido termo “Alzheimer” para denominar esta patologia, não foi bem aceite até muitos anos depois.

Estima-se que a partir de 2040, as pessoas afectadas por esta doença possam alcançar os 80 milhões em todo o mundo.

Actualmente, são mais de 24 milhões de pessoas afectadas no mundo por esta patologia, mas todos os cálculos fazem pensar que podem ser mais os pacientes atingidos por esta doença neurológica. Neste sentido, o envelhecimento da população faz soar todos os alarmes, já que mais de metade da população com mais de 80 anos sofre desta demência senil, que se está a converter num dos problemas de saúde mais importantes da nossa sociedade, cada vez mais anciã.

Um diagnóstico o mais precoce possível de Alzheimer é assinalado, pelos especialistas, como a melhor maneira de atrasar o progresso desta doença que, segundo as previsões mais moderadas, duplicar-se-á nos próximos 20 anos, pelo que, extrapolando, no ano de 2040 poderão ser mais de 80 milhões as pessoas que sofrerão desta patologia.

(Uma coisa que se não compreende é, tendo conhecimento de tudo isto, como podem decidir os governos aumentar a idade da reforma para todos os trabalhadores?)

O período que transcorre entre o aparecimento dos primeiros sintomas da doença de Alzheimer (perda de memória, dificuldades para a realização de tarefas habituais, problemas de expressão, desorientação tempo/espacial, alterações do comportamento e da personalidade, etc.) e o diagnóstico definitivo da doença é de 20 meses, aproximadamente, pelo que os cientistas Beugt Winbald, do Instituto Kavalinska de Estocolmo e Haward Feldman, neurologista da Universidade de British Columbia, em Vancouver, fazem finca-pé na necessidade de que os médicos de família e os cuidadores estejam em alerta sobre estas sintomatologias, para que, reconhecendo-as. Possam beneficiar das vantagens que supõe um diagnóstico e tratamento precoces.