Educação

Desde que nascem, essas crianças são colocadas em condições que deixam em repouso as suas necessidades adaptativas; durante o Inverno, vestem-nas como se fossem pequenos esquimós; estão sempre fechadas em quartos em que a temperatura não se modifica; enchem-nas de comida; deixam-nas dormir quanto queiram; não têm a menor responsabilidade; nunca fazem um esforço intelectual ou moral; aprendem apenas o que lhes apetece, e nunca têm de vencer qualquer dificuldade.

Sabe-se qual é o resultado; tornam-se seres amáveis, belos em geral, por vezes fortes, cansando-se facilmente, sem acuidade intelectual, senso moral, numa existência nervosa.

Estes defeitos não são de origem ancestral: tanto existem nos descendentes dos pioneiros da indústria como nos recém vindos. Os novos-ricos…

Não é impunemente que se deixam sem emprego as funções mais importantes como as adaptativas. A lei do esforço, sobretudo, tem de ser respeitada.

A degenerescência do corpo e da alma é o preço que devem pagar os indivíduos e os grupos que esquecem estas necessidades.

É um dado imediato da observação que a actividade de todos os órgãos é necessária ao nosso perfeito desenvolvimento. Por isso o valor do ser humano diminui quando os sistemas adaptativos se atrofiam.

Durante a educação, é indispensável que todos os sistemas funcionem continuamente.

Os músculos só são úteis na medida em que contribuem para a harmonia e para a força do corpo.

Em vez de formar atletas, devemos formar homens modernos. E estes têm mais necessidade de equilíbrio nervoso, de inteligência, de resistência à fadiga e de energia moral do que a força muscular.

Só com esforço e luta se podem adquirir estas qualidades, isto é: só com o auxílio de todos os órgãos.

É também preciso que o ser humano não esteja exposto a condições de vida às quais é inadaptável.

Dir-se-ia que não há acomodação possível à agitação incessante, à dispersão intelectual, ao alcoolismo, aos excessos sexuais precoces, ao ruído, à contaminação do ar, à adulteração dos alimentos.

Se assim é, será indispensável modificar o nosso género de vida e o nosso meio, ainda que seja por uma revolução destruidora.

Afinal de contas, a civilização não tem como finalidade o progresso da ciência e das máquinas, mas sim do homem.