Anti-psicóticos na doença de Alzheimer

Os efeitos dos principais medicamentos anti-psicóticos prescritos às pessoas que sofrem da doença de Alzheimer são anulados pela severidade dos seus efeitos secundários, que os conduz a parar com esses tratamentos, segundo um estudo generalizado nos Estados Unidos.
A maioria dos afectados pelo Alzheimer são tratados, essencialmente, com três anti-psicóticos, para controlar as tendências agressivas, a agitação e as alucinações, sintomas de que sofrem três quartos das pessoas afectadas por esta doença, que são 4,5 milhões nos USA.
Mas, estes medicamentos – olanzapina (Zyprexa), quetiapina (Seroquel) e a risperdina (Risperdal) – mostram-se pouco eficazes já que os seus efeitos secundários levam a maioria dos doentes a deixar de os tomar, demonstra o vasto ensaio clínico conduzido pelo Dr. Lon Schneider, professor de psiquiatria e gerontologia na escola de medicina Keck da Universidade da Califórnia do Sul (USC).
Este estudo, surgido no New England Journal of Medicine (NEJM), datado do passado dia 19 e financiado pelo Instituto Nacional Americano da Saúde Mental (NIMH) era esperado já que fornecia a primeira comparação a longo prazo, entre a utilização destes três medicamentos e dos placebos.
“Estes medicamentos são, em certa medida eficazes, mas esta eficácia é anulada pelos seus efeitos secundários severos, que levam os doentes a interromper o tratamento”, explicou o Dr. Schneider. “Isso foi uma surpresa, pois a maioria dos especialistas, que encorajaram este estudo pensaram que estes anti-psicóticos eram particularmente úteis para tratar os sintomas muito complexos”. Os efeitos secundários constatados são a sedação, o aumento de peso e o agravamento dos sintomas psicóticos. De 77 a 85% dos 421 participantes neste estudo, repartidos por 42 locais nos Estados Unidos, acabaram por deixar de tomar estes medicamentos, devido aos efeitos secundários e também à sua ineficácia, segundo este estudo clínico.
O governo federal americano financiou o estudo e os laboratórios farmacêuticos produtores dos três medicamentos forneceram os tratamentos.
O Lilly fabrica o Zyprexa, Astrazeneca, o Sequorel e a Johnson e Johnson o Risperdal. Num Editorial publicado no NEJM e acompanhando o estudo, o Dr. Jason Karlawish, da Universidade da Pensilvânia, esvcreve que, para uma pequena minoria de doentes de Alzheimer que mostrem efeitos secundários, o Zyprexa e o Risperdal se mostraram mais eficazes que o Sequorel ou o placebo para tratar os efeitos psicóticos da doença.
Com o envelhecimento da população, estima-se que o número de americanos atingidos pela doença de Alzheimer deverá quadruplicar até meados do século, para atingir uns 18 milhões. A doença de Alzheimer encontra, pelo menos em 80% dos casos, as suas raízes no património genético, afirmou no dia 16, uma universidade americana, publicando um estudo sem precedentes, levado a cabo sobre perto de 12 mil pares de gémeos. Este estudo, dirigido por uma professora da Universidade da Califórnia do Sul, el Los Angeles (USC), Margaret Gatz, e no qual participaram pesquisadores de diversas universidades suecas e americanas. Põe em dúvida a existência duma forma de Alzheimer devida ao ambiente. “O que fizemos foi examinar os casos de pessoas que antes nunca tinham descrito como (face à doença e a factores ambientais), e verificado a importância de factores genéticos… e descobrimos que a influência desses factores genéticos era extremamente importante”, declarou M Gatz. O que parece querer dizer uma causa genética para a doença, precisando, todavia, que “isto não quer dizer que o ambiente não seja importante”, factores externos como infecções que possam desencadear a doença. “As nossas conclusões confirmam as estimativas avançadas anteriormente. O que é importante é que ninguém antes tinha beneficiado dum tal número” de sujeitos de estudo.
O estudo começou em 1998 em 11. 884 pares de gémeos suecos,, com mais de 65 anos de idade. Implicou pesquisadores universitários suecos e americanos, não apenas da USC como também da Universidade de Riverside e da Florida do Sul.
Degenerescência das células do cérebro, que se traduz particularmente por uma demência, a doença de Alzheimer atinge apenas 2 a 3% das pessoas de 65 anos, enquanto que a prevalência entre as pessoas de 85 anos é de entre 25 a 50%. O estudo está publicado na edição de Fevereiro no “Archives of General Psuchietry” o jornal da Associação médica americana.