A doença - I

Os progressos de higiene durante os últimos anos foram extraordinários e a frequência das doenças infecciosas diminuiu de maneira impressionante.

A duração média da vida era, em 1900, apenas de quarenta e nove anos. Desde essa época, aumentou primeiro doze anos, sendo agora na ordem dos 75 anos.

Apesar dessa grande vitória da medicina, o problema da doença permanece formidável. O ser humano moderno é delicado. Um milhão e meio de pessoas empregam o seu tempo a cuidar de 120 milhões dos seus semelhantes. Entre essa população dos Estados Unidos há anualmente cerca de cem milhões de casos de doenças graves ou leves. Evidentemente que a doença ainda é um pesado fardo económico.

A sua importância na vida de cada um é incalculável. A medicina está longe de ter diminuído, tanto como geralmente se crê, os sofrimentos dos homens.

Morre-se menos de doenças infecciosas, mas mais de doenças degenerativas, que são mais dolorosas e longas. Os anos de existência ganhos, graças à supressão de várias doenças, são pagos pelos sofrimentos prolongados que precedem a morte devida a afecções crónicas.

O cancro é, como se sabe, particularmente cruel. Além disso, o homem civilizado está, tanto como outrora, exposto à sífilis e aos tumores do cérebro, à arteriosclerose, ao amolecimento cerebral, à decadência intelectual, moral e fisiológica que estas doenças produzem.

A doença de Alzheimer, como todas as demências, ainda é incurável, apesar de todos os progressos anunciados. A Sida mantém-se a epidemia dos fins do século XX e início do presente.

O homem está igualmente sujeito a perturbações orgânicas e funcionais, resultantes das novas condições de existência, de agitação incessante, do excesso de alimentação e da insuficiência do exercício físico.

O desequilíbrio do sistema visceral acarreta afecções do estômago e do intestino. As doenças do coração tornaram-se mais frequentes, assim como a diabetes. As doenças do sistema nervoso central não têm conta.

Todos os indivíduos sofrem, no decorrer da sua existência, de qualquer acesso de neurastenia, de depressão nervosa, causados pela fadiga, pelo ruído, pelas inquietações e pelo excesso de trabalho.

Embora a higiene tenha aumentado muito a duração média da vida, está longe de ter suprimido as doenças. Modificou apenas a sua natureza.