Vantagens..?

Não há vantagem nenhuma em aumentar o número de invenções mecânicas. E seria porventura necessário dar menos importância às descobertas da física, da astronomia e da química.

É certo que a ciência pura nunca nos traz directamente o mal. Mas torna-se perigosa quando pela sua beleza fascinante prende inteiramente a nossa inteligência à meteria inanimada.

A humanidade deve concentrar hoje a sua atenção sobre si própria e sobre as causas da sua incapacidade moral e intelectual.

Para quê aumentar o luxo, o conforto, a beleza, a grandeza e a complicação da nossa civilização, se a nossa fraqueza não nos permite dirigi-la? É completamente inútil continuar a elaboração de um género de existência que traz consigo as desmoralização e o desaparecimento dos mais nobres elementos das grandes “raças”.

Valeria muito mais ocuparmo-nos melhor de nós próprios para explorar a estrutura das nebulosas, barcos mais rápidos, automóveis mais confortáveis, aparelhos de rádio e televisão, (telemóveis) mais baratos.

Que verdadeiro progresso se terá realizado quando os aviões nos transportem numa hora da Europa à China ou ao continente americano? Será preciso aumentar sem descanso a produção, a fim de que os homens consumam cada vez maior quantidade de coisas inúteis?

Não são as ciências mecânicas, físicas e químicas que nos trarão a moralidade, a inteligência, a saúde, o equilíbrio nervoso, a segurança e a paz.

É preciso que a nossa curiosidade se oriente por um caminho diferente daquele em que caminha hoje.

Deve partir do físico e do psicológico para o mental e para o espiritual.

Até hoje, as ciências que se ocupam dos seres humanos limitavam a sua curiosidade a certos aspectos do seu objecto. Não conseguiram subtrair-se à influência do dualismo cartesiano Foram dominados pelo mecanicismo.

Tanto na psicologia, na higiene, na medicina, como no estado da pedagogia, ou da economia política e social, a atenção dos investigadores foi sobretudo atraída pelo aspecto orgânico, moral e intelectual do homem.

Não se deteve na sua forma afectiva e moral, na sua vida interior, no seu carácter, nas suas necessidades estéticas e religiosas, no substrato comum dos fenómenos orgânicos e psicológicos, nas relações profundas do indivíduo com o seu meio mental e espiritual.

O que urge é, portanto, uma radical mudança de orientação. Tal mudança reclama, ao mesmo tempo, especialistas consagrados às ciências particulares que partilham o estudo do nosso corpo e do nosso espírito, e sábios capazes de integrarem as descobertas dos especialistas em função do homem como um todo.