Adaptação corporal

Na adaptação extra-orgânica, o corpo ajusta o seu estado interior a variações do meio. Este ajustamento é realizado pelos mecanismos que mantêm a estabilidade das actividades fisiológicas e mentais, e que garantem a unidade do corpo.

As funções adaptativas dão a cada modificação das condições exteriores uma resposta apropriada. Desse modo, o homem pode suportar todas as variações do seu meio.

O ar é sempre mais quente ou mais frio que o corpo. Contudo, os humores que banham os tecidos e o sangue que circula nos vasos permanecem à mesma temperatura.

Este fenómeno exige a intervenção incessante de todo o organismo. A nossa temperatura deve elevar-se desde que a da atmosfera aumenta, ou quando as trocas químicas, durante a febre, por exemplo, se tornam mais activas.

Então, a circulação pulmonar e os movimentos respiratórios aceleram-se. Nos alvéolos pulmonares vaporiza-se uma quantidade maior de água, e, por consequência, a temperatura do sangue diminui.

Ao mesmo tempo os vasos subcutâneos dilatam-se, e a pele começa a avermelhar-se: é o sangue que vem à superfície do corpo para se refrescar ao contacto do ar.

E, se o ar for demasiadamente quente, as glândulas sudoríferas cobrem a pele duma camada de suor que, ao evaporar-se, diminui a temperatura.

Os sistemas nervosos central e do grande simpático entram em acção, aumentando a rapidez das pulsações cardíacas, dilatando os vasos, provocando a sensação de sede.

Pelo contrário, quando baixa a temperatura exterior, os vasos da pele contraem-se, a pele torna-se branca, e o sangue mal circula, refugiando-se nos órgãos profundos, cuja circulação e trocas químicas se activam.

Contra o frio, ou contra o calor, lutamos, portanto, por meio de modificações nervosas, circulatórias e nutritivas de todo o corpo.

As variações da temperatura exterior, a exposição ao calor e ao frio, ao vento, ao sol e à chuva, agem, não só sobre a pele, mas sobre todos os órgãos.

Quando toda a nossa existência se passa ao abrigo das intempéries, os processos reguladores da temperatura, da massa do sangue, da sua alcalinidade, tornam-se inúteis.

Adaptamo-nos a todas as excitações que provêm do mundo exterior, mesmo quando a sua violência ou a sua fraqueza impressionam de mais ou de menos as terminações nervosas dos órgãos dos sentidos.

A luz excessiva é perigosa. Os homens defenderam-se sempre instintivamente dela. E o organismo possui numerosos mecanismos capazes dessa defesa.

As pálpebras e o diafragma da íris protegem o olho, quando a intensidade dos raios luminosos aumenta. A sensibilidade da retina decresce ao mesmo tempo.

A pele opõe-se à penetração dos raios luminosos pela produção do pigmento.

Quando estas protecções naturais se tornam insuficientes, produzem-se lesões, assim como perturbações dos órgãos internos e do sistema nervoso.

Talvez que uma luz excessivamente rica acabe por produzir uma diminuição da sensibilidade e da inteligência.