Fronteiras físicas - I

Mas o homem pode prolongar-se no espaço por uma forma mais positiva.

(Os limites psicológicos do indivíduo no espaço e no tempo não são, evidentemente, senão suposições. Mas elas, mesmo quando estranhas, são cómodas para agrupar factos que, por agora, continuam inexplicáveis. O seu fim está apenas em provocar novas experiências. Compreende-se perfeitamente que certas conjecturas serão consideradas heréticas tanto pelos materialistas como pelos espiritualistas, pelos vitalistas, como pelos mecanicistas. Que o próprio equilíbrio do cérebro pode ser posto em dúvida. Contudo, não se podem desenhar factos, simplesmente porque são obscuros. Pelo contrário, é preciso estudá-los.

Talvez que a metapsíquica nos dê informações mais importantes sobre a natureza do ser humano do que a psicologia normal. As sociedades de investigações psíquicas, e em especial a English Society for Psichical Research, chamaram a atenção do público para a evidência e para a telepatia.

Chegou o momento de estudar estes fenómenos fisiológicos. Mas as investigações metapsíquicas não devem ser empreendidas por amadores mesmo se esses amadores forem grandes físicos, grandes filósofos ou grandes mateméticos.

Para os sábios mais ilustres, quer se chamem Isaac Newton, William Croockes ou Oliver Lodge, é perigoso saírem do seu dom+ínio e ocuparem-se de teologia ou de espiritismo. Só os médicos que tenham um conhecimento aprofundado do homem, da sua fisiologia, das suas neuroses, da sua aptidão para a mentira, da sua susceptibilidade à sugestão, da sua habilidade para a prestidigitação, estão indicados para estudar estes factos.

E as suposições acerca dos limites espaciais e temporais do indivíduo hão-de inspirar não fúteis discussões nas experiências feitas com as técnicas da fisiologia e da física.)

No decorrer dos fenómenos telepáticos, projecta ao longe, instantaneamente, uma parte de si próprio, uma espécie de emanação, que vai ter com um amigo ou um parente.

Estende-se, assim, a longas distâncias, atravessa o oceano, continentes inteiros, num espaço e num tempo demasiado curto, para que seja possível calculá-lo.

É capaz de encontrar no meio duma multidão aquele a quem deve dirigir-se. Faz-lhe então certas comunicações.

Sucede também que descobre a imensidade e no tumulto duma cidade moderna na casa, o quarto daquele que procura, embora nem dela nem dele tivesse o menor conhecimento.

O indivíduo que possui esta forma de actividade comporta-se como um ser extensível, uma espécie de amiba capaz de enviar um pseudópode a uma distância prodigiosa.

Verifica-se por vezes entre o hipnotizador e o hipnotizado um laço invisível que põe um em relação com o outro. Tal laço parece ser uma emanação deste último.

Quando essa relação se encontra estabelecida, o hipnotizador pode sugerir ao hipnotizado, a distância, certos actos a realizar. Neste caso, dois indivíduos separados encontram-se em contacto um com o outro, embora cada um esteja aparentemente fechado nos seus limites anatómicos.