As demências

À deterioração das faculdades mentais devidas a uma afecção cerebral vulgar, dá-se o nome de demência, assim como as provocadas pelo envelhecimento normal.
Os principais agentes de causa são a arteriosclerose, a epilepsia não tratada devidamente, a sífilis, o alcoolismo e doenças degenerativas do sistema nervoso.
Na demência há a deterioração de várias funções cerebrais que podem, eventualmente, ser perdidas. As principais funções a serem alteradas são a memória, a apreensão e preservação de novas impressões e o poder de cálculo e combinação.
Em casos drásticos, a pessoa pode perder as noções referentes ao meio ambiente imediato.
Certas formas de demência podem ocorrer em pessoas de qualquer idade, aparecendo mais frequentemente em pessoas com mais de cinquenta anos.
Pode perceber-se uma deterioração mental e intelectual nas pessoas dementes. Por vezes isso é acompanhado por uma vida emocional despojada de alterações no comportamento. A extensão da regressão duma função cerebral está condicionada à causa da demência. Em consequência, os sintomas podem variar de acordo com a função cerebral atingida.
A deterioração intelectual:
Nesta manifestação da demência, as pessoas perdem a capacidade de registar novos factos, tornando-se incapazes de absorver e reter novas impressões. Em casos extremos perdem a noção da sua morada, do dia ou do mês… Geralmente, as pessoas atingidas tentam preencher as falhas de memória com a criação de factos imaginários ou fantasias – as chamadas confabulações. Outra característica da deterioração intelectual é o facto de a pessoa situar os acontecimentos cada vez mais num passado recente; ela não se interessa pelos acontecimentos actuais, não lê os jornais nem procura saber das novas notícias.
Normalmente as pessoas afectadas não suspeitam do seu desvio de comportamento, embora isso seja facilmente percebido pelas pessoas com quem vivem.
No caso de se consciencializarem do seu estado, surge a ansiedade e a infelicidade. Alterações emocionais:
As pessoas atingidas por qualquer forma de demência, têm o equilíbrio emocional facilmente afectado. Os distúrbios emocionais manifestam-se muitas vezes através da hostilidade. Costumam isolar-se com o decorrer do tempo. Tornam-se cobiçosas e egoístas, atormentadas por ideias de indigência e manias de perseguição. É frequente o choro e o riso incontrolados e sem razão.
Alterações comportamentais:
A alteração mais evidente é a deterioração das maneiras. As normas sociais e códigos morais são ignorados. É a chamada demência ética. Por vezes chegam ao extremo de adoptarem uma linguagem grosseira e maneiras rudes, independentemente das convenções sociais, a chamada demência social. A vida particular desestrura-se. A casa fica em completa desordem; restos de comida são abandonados displicentemente, ocorrendo a deterioração progressiva da higiene pessoal.
Em qualquer dos casos da demência a pessoa pode apresentar uma reacção peculiar, que chega a ser dramática, quando é solicitada a realizar uma tarefa que lhe era familiar, podendo ocorrer um verdadeiro ataque de fúria, como destruir objectos domésticos, acesso de choro ou agressividade pessoal.
Tratamento:
A demência pode ter várias causas, embora a mais frequente seja a atribuída à velhice. A demência senil, que não é curável, já que se deu uma degeneração irrecuperável dos tecidos cerebrais. O seu grau é, entre outros factores, determinado pela solidão, isolamento, perda do trabalho e, algumas vezes, por uma alimentação insuficiente e pobre.
Uma considerável melhoria pode ser conseguida através do aumento da actividade, estabelecimento de contactos e um atendimento cuidadoso, assim como um bom ajuste social, que reduza a carga de responsabilidade da pessoa. O atendimento social pode e deve ser completado por uma medicação que o médico considerar a mais conveniente.