Alzheimer e depressão

A demência é uma das doenças mais temidas, juntamente com as tromboses cerebrais. Aumenta com a idade. Assim, os números sobem até 20% nas pessoas com mais de 80 anos.

A mais conhecida é a doença de Alzheimer, que engloba mais de metade dos casos. A sua causa, até agora, é desconhecida, mas tem certo carácter hereditário (os filhos de pais com Alzheimer correm mais riscos). Não obstante, risco não significa que venham a sofrê-la.

A teoria mais difundida da doença de Alzheimer, é que, sobre uma base genética de predisposição de a sofrer, a doença desencadeia uma série de factores que ainda são hoje desconhecidos (infecções, processos degenerativos da idade…) e produzem alterações nos neurónios que conduzem à morte neuronal com atrofia progressiva do cérebro e com deterioração conseguinte nas diferentes funções cerebrais (memória, orientação, cálculo, perigo, linguagem…)

O segundo tipo de demência mais frequente é a demência vascular, devido à obstrução de artérias cerebrais, quando existe arteriosclerose ou hipertensão arterial. Este tipo de demência caracteriza-se por uma evolução rápida, ou seja, a demência aparece quando o doente sofre um enfarte cerebral.

Outras formas de demência menos frequentes são a alcoólica, por doença da tiróide, pela desnutrição, por repetidos traumatismos na cabeça…

A depressão é uma doença muito frequente nas pessoas mais velhas; pelo menos 10% delas sofre-a. Actualmente, a depressão tem a vantagem de que goza de muito boa resposta ao tratamento farmacológico, com o qual melhora a sua qualidade de vida.

É um erro achacar à velhice os sintomas da depressão, tristeza, falta de esperança, falta de estímulo, insónia, falta de apetite, não querer estar com outras pessoas ou familiares. Se qualquer destes sintomas aparece, deve pensar-se que não é pela idade e que pode ser uma depressão.

Pelo teste de Yesavage pode-se avaliar se a pessoa mais velha se encontra deprimida ou não. Quando ou se surgir algum dos sintomas citados, deve-se levar a pessoa ao médico que, por sua vez, a deve deixar nas mãos dum geriatra ou psiquiatra, para que avalie qual o melhor tratamento.

É fundamental não temer as contra-indicações dos anti-depressivos, dado que são fármacos que têm demonstrado a sua utilidade. Deve esperar-se 15 ou mais dias para ver o seu benefício e mantê-los o tempo que o médico julgue oportuno. Juntamente com a toma da medicação, é necessário corrigir as causas que motivaram a depressão. O apoio da família e de amigos é fundamental.

A convivência com a pessoa deprimida deve basear-se na paciência e na compreensão duma situação do ânimo, em geral reactivo a alguma causa de doença e que provocam a dependência de outra pessoa, com o conseguinte sentimento de carga, que, juntamente com a solidão e o isolamento, a levam a perguntar-se qual o sentido da sua vida.

A integração na família, a fuga ao isolamento e à solidão são, sem dúvida medicações tão importantes como os anti-depressivos e com melhores resultados.

Deve recordar-se que quando se tomam anti-depressivos é necessário: evitar conduzir ou fazê-lo o menos possível, pelo risco da sonolência e alteração dos reflexos, que conleva também um aumento do risco de quedas.

As pessoas mais velhas são as que mais se suicidam. Quando uma pessoa idosa alude, de forma crítica, a que quer pôr termo á vida, o que se deve fazer primeiro é tomá-la a sério, não a reprimir, deixar que expresse os seus sentimentos, de desespero, de carga, de culpa, e dar-lhe os remédios urgentes para evitar que possa consumar as suas ideias. O mais urgente é conduzi-la a um psiquiatra que avaliará o risco, ou não, de consumar a sua ameaça e decidirá quais remédios a pôr em prática quanto antes.

Nunca se deve ter em conta o ditado de “cão que ladra não morde”.