Instituições futuras - I

Os membros deste alto conselho estariam livres de ensinar e de investigar. Não fariam discursos. Não publicariam livros. Limitar-se-iam a contemplar os fenómenos económicos, sócias, psicológicos, fisiológicos e patológicos, manifestados pelas nações civilizadas e pelos indivíduos que as constituem.

Seguiriam atentamente a marcha da ciência, a influência das suas aplicações sobre a nossa maneira de viver.

Tentariam descobrir como adaptar ao homem a civilização moderna, sem abafar as suas qualidades essenciais.

A sua meditação silenciosa protegeria os habitantes da cidade moderna, das invenções mecânicas perigosas para os seus tecidos ou para o seu espírito; libertá-los-ia tanto das adulterações do pensamento como dos alimentos, das fantasias dos especialistas da educação, da nutrição, da moral, da sociologia; defendê-los-ia de todos os progressos inspirados, não pelas necessidades do público, mas pelo interesse pessoal ou pela ilusão dos seus inventores, e impediria a deterioração orgânica e mental da nação.

Seria preciso dar a esses sábios uma posição tão elevada, tão livre de intrigas políticas e da publicidade como a dos Membros do Supremo Tribunal.

Na verdade, a sus importância seria muito maior ainda do que a dos juristas encarregados de velar pela Constituição, porque lhes estaria confiada a guarda do corpo e da alma duma grande raça na sua trágica luta contra as cegas ciências da matéria.

Trata-se de arrancar o indivíduo ao estado de diminuição intelectual, moral, e fisiológico provocado pelas modernas condições de vida; de lhe dar saúde; de lhe fazer recuperar, por um lado, a unidade, por outro, a personalidade; de o desenvolver tanto quanto o permitam as qualidades hereditárias dos seus tecidos e da sua consciência; de quebrar os moldes nos quais a educação e a sociedade conseguirem prendê-lo: de rejeitar todos os sistemas.

Para chegar a tal resultado, devemos intervir nos processos orgânicos e mentais que constituem o indivíduo.

Este encontra-se intimamente ligado ao meio, e não possui existência independente.

Só poderemos mudá-lo na medida em que transformarmos o mundo que o rodeia.