Educação - I

Outro erro, devido à confusão dos conceitos do ser humano e do indivíduo, é a igualdade democrática. Este dogma está hoje a desmoronar-se aos golpes da experiência das nações.

É, portanto, inútil mostrar a sua falsidade. Mas devemos espantar-nos do seu demorado sucesso. Como pôde a humanidade crer nele durante tanto tempo?

Não toma em conta a constituição do corpo e da consciência. Não convém ao facto concreto que é o indivíduo.

É certo que os seres humanos são iguais; mas não o são os indivíduos. A igualdade dos seus direitos é uma ilusão.

O idiota e o homem de génio não devem ser iguais perante a lei. O ser estúpido, desprovido de inteligência, incapaz de atenção, disperso, não tem o direito a uma educação superior.

É absurdo dar-lhe o mesmo poder eleitoral que ao indivíduo completamente desenvolvido. Os seres não são iguais. É muito perigoso desconhecer todas as desigualdades.

O princípio democrático contribui para a decadência da civilização, impedindo o desenvolvimento do escol. Pelo menos nestas democracias ditas modernas.

É evidente que devem respeitar-se as desigualdades individuais.

Na sociedade moderna, há funções apropriadas aos grandes, aos pequenos, aos médios e aos inferiores.

Mas é preciso que não se procure formar os indivíduos superiores pelos mesmos processos que os medíocres.

A estandardização dos seres humanos pelo ideal democrático actual, garantiu a predominância dos fracos.

Em todos os domínios, estes são preferidos aos fortes; são ajudados, protegidos, e muitas vezes admirados. São igualmente os doentes, os criminosos e os loucos que atraem as simpatias do público.

O mito da igualdade, o amor do símbolo, o desdém pelo facto concreto, são, em grande parte, culpados pela decadência do indivíduo.

Dada a impossibilidade de elevar os inferiores, o único meio de promover a igualdade entre os homens era trazê-los todos ao mais baixo nível, desaparecendo assim a força da personalidade.

Não só se confundiu o conceito de indivíduo com o de ser humano, como ainda este foi adulterado pela introdução de elementos estranhos, e privado de alguns dos seus elementos.

Tem-se aplicado ao homem conceitos pertencentes ao mundo mecânico. Tem-se ignorado o pensamento, o sofrimento moral, o sacrifício, a beleza e a paz. Tem-se tratado o homem como uma substância química, uma máquina, ou rodagem duma máquina. Têm-lhe suprimido as suas actividades morais, estéticas e religiosas. Têm suprimido certos aspectos das suas actividades fisiológicas. Não têm tido a preocupação de saber se os tecidos e a consciência se acomodariam às modificações da alimentação e da maneira de viver. Têm-se esquecido totalmente do papel capital das funções adaptativas e a gravidade das consequências da sua inactividade forçada.

A fraqueza actual deriva simultaneamente do desprezo da individualidade e da ignorância da constituição do ser humano.