Escala de valores do homem
O corpo humano encontra-se, na escala de valores, a meio caminho entre o átomo e a estrela.
Segundo os objectos com os quais é comparado, aparece como grande ou pequeno. O seu comprimento equivale ao de duzentas mil células de tecidos, ou ao de dois milhões de micróbios vulgares, ou de dois milhões de moléculas de albumina postas em fila.
Em relação a um átomo de hidrogénio, a sua grandeza é impossível de imaginar. Mas, comparado a uma montanha, ou à Terra, torna-se minúscula.
Para igualar a altura do monte Everest, seria necessário colocar, uns em cima dos outros, mais de quatro mil homens.
O meridiano terrestre equivale aproximadamente a vinte milhões de corpos humanos dispostos uns a seguir aos outros.
Sabe-se que a luz percorre num segundo cerca de cento e cinquenta milhões de vezes o comprimento do nosso corpo, e que as distâncias interestrelares se medem em anos-luz.
A nossa estatura, em relação a semelhante sistema de referência, mostra-se de inconcebível pequenez. É por isso que os astrónomos Edington e Jeans conseguiram, nos seus livros de astronomia popular, impressionar os leitores, mostrando-lhes a insignificância do homem no Universo.
Na realidade., a nossa grandeza ou a nossa pequenez espaciais não têm a menor importância. Porque aquilo que é específico de nós próprios não possui dimensões físicas. É fora de duvida que o lugar que temos no mundo não depende do nossos volume.
A nossa estatura parece ser apropriada aos caracteres das células dos tecidos e à natureza das trocas químicas, ou metabolismo, do organismo.
Como o influxo nervoso se propaga em todos com a mesma velocidade, indivíduos muito maiores que nós teriam uma percepção demasiado lenta das coisas exteriores, e as suas reacções motoras seriam demasiado tardias.
Ao mesmo tempo, o seu metabolismo seria profundamente modificado. É sabido que um animal possui um metabolismo tanto mais activo quanto mais extensa é, em relação ao seu volume, a sua superfície do corpo, e que a relação da superfície com o volume dum objecto aumenta quando o volume decresce.
É por isso que o metabolismo dos grandes animais é mais fraco do que o dos pequenos.
O do cavalo, por exemplo, é menos activo do que o do rato. Um grande aumento da nossa estrutura diminuiria a intensidade das nossas trocas químicas. E privar-nos-ia sem dúvida duma parte da rapidez das nossas percepções e da nossa agilidade.
Tal acidente não se produzirá, porque a estrutura dos seres humanos pouco varia. As dimensões do nosso corpo são determinadas ao mesmo tempo pela hereditariedade e pelas condições do nosso desenvolvimento.
Há etnias de pequena estatura, tais como os orientais. Numa dada etnia, encontram-se indivíduos de estaturas muito diferentes. Estas diferenças no volume do esqueleto derivam do estado das glândulas endócrinas, e da correlação das suas actividades no espaço e no tempo.
Têm, portanto, uma significação profunda. É possível, por meio duma alimentação e dum género de vida apropriados, aumentar ou diminuir a estatura dos indivíduos que compõem uma nação, e modificar-lhes ao mesmo tempo a qualidade de tecidos, e também, provavelmente, do espírito.
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