Os alimentos

Embora a mucosa intestinal escolha cuidadosamente, entre as matérias alimentares, aquelas que são utilizáveis, deixa, contudo, atravessar-se por substâncias de melhor ou pior qualidade.

Outras vezes não pode absorver ou digerir os elementos que nos são necessários. E embora esses alimentos se encontrem na nossa alimentação, os tecidos ficam privados deles.

As substâncias químicas do meio exterior insinuam-se, portanto, em cada um de nós, de maneira diferente, ao sabor das capacidades individuais da mucosa intestinal.

Os nossos tecidos e humores são construídos por elas O homem é totalmente formado pelo limo da terra.

È por isso que a constituição geológica e a natureza dos animais e das plantas do país em que vivemos exercem influência no nosso corpo e as suas qualidades físicas e mentais.

A nossa estrutura e os caracteres da nossa actividade dependem também da escolha que fazemos duma certa espécie de alimentos.

Os chefes atribuíram-se sempre uma alimentação diferente da dos escravos. Os conquistadores, os chefes, os guerreiros, alimentam-se sobretudo de carnes e de bebidas fermentadas, ao passo que os pacíficos, os fracos e os submissos se contentam com leite, legumes e frutos e cereais.

As nossas aptidões e o nosso destino dependem, em grande parte, da natureza das substâncias químicas que servem para a síntese dos nossos tecidos.

Podem dar-se artificialmente certos caracteres aos seres humanos, assim como aos animais, submetendo-os, desde pequenos, a uma alimentação apropriada.

Além do oxigénio atmosférico e dos produtos da digestão intestinal, o sangue contém uma terceira espécie de substâncias nutritivas: as secreções das glândulas endócrinas.

O organismo tem a peculiar propriedade de ser o seu próprio construtor, de fabricar, à custa dos elementos do sangue, substâncias que utiliza para alimentar os tecidos, e estimular determinadas funções.

Esta espécie de criação do organismo por si próprio assemelha-se ao treino da vontade por um esforço da mesma vontade.

A glândula tiróide, a supra-renal e o pâncreas, sintetizam, utilizando as substâncias contidas no plasma sanguíneo, novos corpos, como a tiroxina, a adrenalina, a insulina.

São verdadeiros transformadores químicos, criando por esses processos produtos indispensáveis à nutrição das células e dos órgãos, e às nossas actividades fisiológicas e mentais.

Tal fenómeno é quase tão estranho como o seria a criação, por certa parte dum motor, do óleo que devem empregar outras partes da máquina, de substâncias estimuladoras da combustão, e até do pensamento do mecânico.

É evidente que os tecidos não se podem alimentar unicamente com as substâncias que atravessam a mucosa intestinal. Tais substâncias devem ser remodeladas pelas glândulas, graças às quais a existência do conjunto do organismo se torna impossível.

O corpo vivo é em primeiro lugar um “processus” nutritivo. Consiste num incessante movimento de substâncias químicas, comparável á chama dum círio ou aos mecanismos irrigatórios dum jardim.