Influências - I

Cada um de nós corresponde de maneira própria a esse meio, escolhendo o que melhor lhe permitirá individualizar-se.

O indivíduo é um centro de actividades específicas. Estas actividades são distintas, mas individuais.

A alma não pode ser separada do corpo, a estrutura da função, a célula do seu meio, a multiplicidade da unidade, o determinante do determinado.

Começamos a compreender que a superfície do corpo não é o verdadeiro limite do indivíduo, e que apenas estabelece entre nós e o mundo exterior um plano de divisão indispensável à nossa actividade.

Somos construídos como as fortalezas da Idade Média, cuja torre de menagem era cercada de várias muralhas.

As nossas defesas interiores são numerosas e estão emaranhadas umas nas outras. A superfície da pele constitui a fronteira que os nossos inimigos microscópicos não devem atravessar.

Não obstante, prolongamo-nos muito para lá dela, para lá do espaço e do tempo.

Conhecemos o centro do indivíduo, mas não sabemos onde se encontram os seus limites exteriores. E talvez estes não existam.

Cada homem está ligado aos que o precedem e aos que o continuam. Funde-se com eles, de certo modo.

A humanidade não é composta de elementos separados, como as moléculas dum gás. Assemelha-se a uma rede de filamentos que se estendem no tempo e sustentam, tal como as contas dum rosário, as sucessivas gerações de indivíduos.

É fora de dúvida que a nossa individualidade é real, embora muito menos definida do que supomos.

A nossa completa independência dos outros indivíduos e do mundo cósmico é uma ilusão.

O nosso corpo é formado pelos elementos químicos do meio externo que nele penetram e se modificam segundo a sua individualidade.

Estes elementos organizam-se em edifícios temporários, tecidos, humores e órgãos, que durante toda a nossa vida incessantemente se desintegram e reconstroem.

Depois da nossa morte, regressam ao mundo da matéria inerte.

Outras substâncias químicas tomam os nossos caracteres “raciais” e individuais: tornam-se nós próprios.

Outros apenas atravessam o nosso corpo. Participam da existência de cada um sem terem nenhum dos seus caracteres, tal como a cera que, formando estátuas diversas, não modifica a sua composição.

Passam em nós como um grande rio no qual as células haurem as matérias necessárias ao seu crescimento e ao seu consumo de energia.

Segundo os místicos, também recebemos do mundo exterior certos elementos espirituais.

A graça divina penetra nas nossas almas como o oxigénio do ar ou o azoto dos alimentos penetram nos tecidos.