Relembrando

A doença de Alzheimer, como entidade clínica individualizada, conta já com mais de cem anos de história. Em Novembro de 1902, deu entrada no Hospital de Frankfurt uma paciente com 51 anos de idade, chamada “Augusta D”, com um apelativo quadro clínico de cinco anos de evolução. Após começar com um delírio atípico, a paciente sofreu uma rápida e progressiva perda da memória, acompanhada de alucinações, desorientação temporoespacial, paranóia, transtornos de comportamento e uma grave alteração da linguagem.

Foi estudada primeiro por Alois Alzheimer e depois por outros médicos. A doente faleceu a 8 de Abril de 1905, acometida por uma infecção generalizada secundária e escaras de decúbito e pneumonia.

O cérebro da doente foi remetido a Alzheimer, que procedeu ao seu estudo histológico. A 4 de Novembro de 1906, apresentou a sua observação anatómica e clínica, e com ela a descrição de placas senis, óvulos neurofibrilares e alterações arterioscleróticas cerebrais. O trabalho foi publicado no ano seguinte com o título «Uma Doença Grave Característica do Córtex Cerebral». A denominação do quadro clínico como doença de Alzheimer foi introduzida por Kraeplin no seu «Manual de Psiquiatria», em 1910.

Alzheimer descreveu o seu segundo caso em 1911, data em que também surge uma revisão, publicada por Fuller, com um total de 13 pacientes com a doença de Alzheimer, com uma média de idade de 50 anos e uma duração média da doença de sete anos.

A histopatologia do cérebro de “Auguste D” pôde ser erstudada de novo e publicada em 1998, na revista Neurogenetics. Neste trabalho foram encontradas lesões microscópicas vasculares, existindo apenas placas amilóides e óvulos neurofibrilares, lesão esta descrita pela primeira vez por Alzheimer naquele cérebro.

A etiopatologia da doença de Alzheimer é múltipla. Hereditária entre 1 e 5% dos casos (doença de Alzheimer genética) por transmissão dominante, de alterações nos cromossomas 1 (presenilina 2), 14 (presenilina 1) ou 21 (Proteína Percursora de Amilóide, APP), com uma idade de apresentação geralmente anterior aos 65 anos.

As mutações que explicam os casos de doença de Alzheimer familiar de aparecimento precoce (1 a 5% dos casos), são as seguintes, segundo oAlzheimer’s Dsease Educations & Referral Center:

º Gene da Proteína Percursora de Amilóide (APP; OMIM – herança mendeliana humana em linha: cromossoma 21)
º Gene da Presenilina 1 (PSEN; OMIM) – (Cromossoma 14)
º Gene da Presenilina 2 (PSEN; OMIM) – (Cromossoma 1)

Polimorfinos (variantes genéticas) que podem incrementar a susceptibilidade de padecer de Alzheimer esporádica) – (90-95% de todos os casos).

• Confirmados
- Alelo e4 do gene da Apolipoproteina E (APOE) – (Cromssoma 19)

• Não confirmados universalmente (resultados variáveis nos estudos):
- Até uns setenta genes…