O indivíduo humano

É preciso devolver a própria personalidade ao ser humano estandardizado pela vida moderna. Os sexos devem ser de novo nitidamente definidos.

Importa que cada indivíduo seja, sem equívoco, macho ou fêmea, e que a sua educação o impeça de manifestar as tendências sexuais, os caracteres mentais e as ambições do sexo oposto.

Importa, em seguida, que desenvolva a riqueza específica e multiforme das suas actividades.

Os homens não são máquinas fabricadas em série.

Para reconstruir a sua personalidade, devemos quebrar os quadros da escola, da fábrica, do escritório, e respeitar os próprios princípios da civilização tecnológica.

Semelhante revolução está longe de ser impossível.

A renovação da educação pode realizar-se sem modificar muito a escola. Contudo, o valor que lhe atribuímos deve modificar-se.

Sabe-se que os seres humanos, sendo indivíduos, não podem ser educados em massa, e que a escola não pode substituir a educação individual dada pelos pais.

Os professores primários desempenham muitas vezes satisfatoriamente a sua função intelectual. Mas é também indispensável desenvolver as actividades morais, estéticas e religiosas da criança.

Os pais têm, na educação, um papel que não podem abandonar, e para o qual devem ser preparados.

Não será de estranhar que grande parte do tempo das raparigas não seja consagrado ao estudo fisiológico e mental das crianças e dos métodos de educação?

A mulher deve voltar à sua função natural, que não é apenas a de dar à luz, mas também a de educar os filhos.

A escola, e bem assim a fábrica e o escritório, não são instituições intangíveis.

Existiu outrora uma forma de vida industrial que permitia aos operários a posse duma casa e de campos, o trabalho em casa à hora que quisessem e como quisessem, e também lhes consentia fazerem uso da sua inteligência, fabricarem objectos completos, terem a alegria da criação.

É preciso tornar a dar essas vantagens aos trabalhadores.

Graças às energias e às máquinas modernas, a pequena indústria pôde libertar-se da fábrica.

Não poderia também a grande indústria ser descentralizada? E não seria possível fazer com que todos os indivíduos jovens da nação aí trabalhassem durante um período curto, como um período de serviço militar?

Chegar-se-ia assim à supressão do proletariado. Os homens viveriam em grupos pequenos em vez de formar imensos rebanhos. Cada um conservaria, dentro do grupo, o seu valor humano, e deixaria de ser uma rodagem de máquina, para ser de novo um indivíduo.