Problemas na refeição

Um dos grandes problemas enfrentados pelo cuidador e a família do paciente de demência ou Alzheimer, é a hora da refeição. Que já comeu, que ainda não comeu, recusando sentar-se e ingerir s alimentos… Enfim, toda uma série de problemas muitas vezes difíceis de enfrentar e tolerar.

A perda da memória e os problemas de juízo podem originar dificuldades relacionadas com a alimentação, que podem manifestar-se em fases médias ou tardias da doença. Tais problemas podem apresentar-se na hora de:

• Que preparar para comer?
• Cozinhar
• Comer – a danificação cerebral pode afectar a pessoa de modo a não se lembrar como se deve comer e de seguida não se lembrar do que comeu ou que comeu.

Possíveis soluções:
A – Problemas de apetite
Se a pessoa se recusa comer, tentar ter à mão vários bocados de variedades nutritivas para que as vá provando à medida que desejar fazê-lo. Mesmo assim, tentar distrair o doente com diversas actividades, como caminhadas, esconder todos os alimentos que possam fazer-lhe mal; tentar que beba sumo de frutas do seu agrado ou até, talvez, um pequeno copo de vinho para estimular o apetite (terá algo a perder se o beber?); oferecer-lhe um gelado; aumentar o exercício; tentar que a comida seja sempre à mesma hora, mas sobretudo que coincida quando o doente estiver de bom humor; o prato deve estar apresentável e agradar-lhe aos olhos; vigiar os medicamentos para evitar efeitos secundários negativos.

B – Problemas com o reconhecimento
À medida que a doença avança, a sensação de fome no estômago já não é interpretada pelo cérebro da mesma maneira que antes.

Devido a alterações nos padrões de sono e de dormir, a pessoa poderá querer almoçar à noite ou dizer que quer lanchar, quando se levanta, por volta das sete horas da manhã.
Outras vezes poderá querer comer de novo quando não há dez minutos que já comeu, quando nada comeu em absoluto.

Deve simplificar-se o mais possível o processo de ingerir os alimentos no momento de se sentar à mesa. Utilizar apenas os pratos e talheres necessários, ajudando-o a entender as coisas, falar-lhe mediante sinais, para que entenda melhor.

Pôr-lhe apenas um prato, de preferência fundo, para que possa comer ajudado, seja por um garfo ou uma colher.
Deve cortar-se a carne em bocados pequenos,, animando-o a comer dizendo-lhe estar muito saborosa a comida.
No caso de não segurar o talher, deve-se ajudá-lo, metendo-lhe a comida na boca lentamente.
Comprovar que os alimentos estão bem condimentados, que tenham sal e açúcar, que não estejam muito quentes ou muito frios. Ter o cuidado de não lhe permitir levar outra coisa à boca, já que é muito comum que compreenda as coisas.

C – Problemas com a boca
A falta de higiene dentária e a secura da boca podem acarretar outro tipo de problemas, pelo que se deve insistir para que a lave pelo menos uma vez por dia, se possível de manhã.
Na hora da refeição, deve instruir-se a pessoa para que mastigue bem os alimentos. Olhá-la nos olhos e com mímica, gestos ou acenos, dizer-lhe que mastigue bem o que tem na boca e depois engula.
Não nos devemos irritar se quiser cuspir os alimentos; talvez a ele, o que tem na boca lhe pareça desagradável e não queira comê-lo. Deve permitir-se que o faça, não devendo forçá-lo. É preferível a saúde aos bons modos.

D – Outros problemas físicos
Identificar outro tipo de problemas que possam estar presentes. Problemas de estômago, diabetes, infecções urinárias, úlceras podem ser factores causais da falta de apetite, devendo, em tal caso, dar-lhe uma alimentação rica em fibras.

E – Problemas de comportamento
A inquietação latente e os estados de agitação impedem que esteja quieto, dando como resultado que não possa ou não queira estar sentado à mesa, devido a essa mesma inquietação.
Não se deve forçá-lo e, se não quer comer nessa altura, que não o faça. Deve convidar-se a fazê-lo e, muito possivelmente, por simples imitação, em breve começará a comer ou a pedir os seus alimentos.
Se for muito evidente a recusa de comer, comunicar ao médico, pedindo-lhe uma avaliação para ver o que pode ocasionar a perda de apetite.
Em algumas ocasiões, a pessoa pode apresentar sintomas paranóides, acreditar que a estão a envenenar, razão pela qual se recusa comer. Estes sintomas podem dever-se também aos próprios medicamentos que toma.

F – Meio ambiente
A pessoa pode distrair-se facilmente num ambiente ruidoso ou com muita gente, o rádio alto ou a televisão ligada. Deve comer num local tranquilo e livrá-lo de distracções. Pode, quando muito, pôr-se uma música de fundo que seja suave e relaxante.

G – Uso dos talheres
Chegará o momento em que a pessoa terá grande dificuldade em usar os talheres, já que não saberá qual utilizar. Sugere-se o uso da colher.

H – Problemas de deglutição
É muito comum que a pessoa mastigue longamente os alimentos e esqueça que deve degluti-los. Isto porque chega um momento em que já não pode deglutir. Por isso, devemos sempre comprovar-nos, de vez em quando, que a pessoa mastigue bem e consiga engolir os alimentos.
Para tal, oferecer-lhe pequenas quantidades de comida, incluindo os líquidos: água, frutas, sumos, cereais, compotas, geleias, algo que possa facilmente digerir e seja altamente nutritivo.