Resistência humana

A resistência à doença e às preocupações, a capacidade de esforço, o equilíbrio nervoso, dão a medida da superioridade dos homens. Essas qualidades caracterizam os fundadores da nossa civilização.

As grandes etnias brancas devem o seu êxito à perfeição do seu sistema nervoso. Sistema nervoso que, embora muito sensível e excitável, é contudo susceptível de disciplina.

A qualidade excepcional dos seus tecidos e da sua consciência deu aos povos da Europa ocidental e aos seus ramos dos Estados Unidos o predomínio sobre todos os outros.

Ignora-se qual seja a natureza dessa solidez orgânica, dessa superioridade nervosa e mental. Serão devidas à própria estrutura das células, às substâncias químicas que sintetizam, ao modo como os órgãos estão integrados, pelos humores e pelos nervos, num todo único?

Não se sabe. Tais qualidades são hereditárias, existindo em nós desde há muitos séculos. Podem, contudo, desaparecer, mesmo as tais ricas e maiores nações.

A história das civilizações passadas mostra-nos a possibilidade desta catástrofe, embora não nos explique claramente a sua génese. O certo é que a solidez do corpo e da consciência deve ser conservada a todo o custo.

A força mental é infinitamente mais importante que a muscular. O descendente não degenerado duma grande etnia oferece uma resistência natural à fadiga e ao medo. Não pensa na sua saúde nem na sua segurança. Ignora os médicos. Não crê que a idade do ouro chegue quando os químicos fisiologistas tiverem obtido, em estado puro, todas as vitaminas e todos os produtos das secreções das glândulas endócrinas.

Considera-se destinado a agir, a pensar, a amar, a lutar, a conquistar. A sua acção sobre o mundo exterior é tão simples na sua essência como o salto do animal feroz quando se lança sobre a presa. Tal como o animal, ignora a sua complexidade estrutural.

O corpo saudável vive silenciosamente. Não o ouvimos, não o sentimos funcionar. Os ritmos da nossa existência são trazidos pelas impressões cinestéticas, que, como o breve arfar dum motor, ocupam o fundo da nossa consciência quando estamos silenciosos e meditamos.

A harmonia das funções orgânicas dá um sentimento de paz. Quando a presença dum órgão atinge o limiar da consciência, é porque começa a funcionar mal.

A dor é um sinal de alarme. Muitas pessoas, não estando doentes, não estão, todavia, de perfeita saúde. Os seus tecidos são de má qualidade. As secreções desta ou daquela glândula podem ser muito ou pouco abundantes.

A excitabilidade do seu sistema nervoso é excessiva. A correlação, no espaço e no tempo, das funções orgânicas faz-se mal. A resistência dos seus tecidos às infecções não é suficiente. Os indivíduos nestas condições ressentem-se profundamente de tais deficiências orgânicas, e tornam-se infelizes por causa delas.

Aquele que descobrir os meios de produzir o desenvolvimento harmonioso dos tecidos será instaurador dum grande processo, porque aumentará, mais ainda do que o fez Pasteur, a aptidão dos homens para a felicidade.

O enfraquecimento do corpo tem muitas causas. A ignorância e a pobreza têm os mesmos efeitos que a riqueza. Os homens civilizados degeneram nos climas tropicais, e desenvolvem-se sobretudo nos climas temperados ou frios.

Têm necessidade dum modo de vida que imponha, a cada um, um esforço constante, uma disciplina fisiológica e moral, e algumas privações.

Tais condições de existência dão-lhes a possibilidade de resistir tanto à fadiga como às preocupações. Preservam-nos de muitas doenças, principalmente nervosas, e impelem-nos irresistivelmente para a conquista do mundo exterior.