Dificuldade no reconhecimento - Agnósia

A tudo isto se junta uma atitude de indiferença e ignorância do problema ou, pelo menos, uma subvalorização. Ainda que no início possa haver uma certa depressão ou ansiedade ante as falhas, rapidamente chama a atenção a tranquilidade com que o paciente reage face aos seus enormes despistes ou erros. É típico que negue, o que às vezes pode exasperar a família, ou que tente justificá-los de forma ingénua, infantil ou, por vezes, pelo contrário, com explicações muito rebuscadas ou extravagantes. “Que dia é hoje?” “Dois ou três”, sorrindo pacificamente, como se não tivesse importância alguma não se lembrar de algo assim. A diferença da pessoa deprimida ou ansiosa com transtornos de memória, o doente não parece sofrer muito com as suas dificuldades. Pode aborrecer-se um bocado, mas depressa esquece que não foi capaz de responder ao telefone ou que confundiu seu filho com seu neto.

Como, por outro lado, o paciente conserva, durante muito tempo, os automatismos sociais e aparentemente tem bom aspecto. Faz de “tudo”. Entra, sai, vê televisão, folheia um jornal…, sendo fácil que o problema passe desapercebido aos vizinhos, conhecidos ou mesmo familiares que não convivam com ele. Assim, é muito corrente que o cônjuge tenha sofrido por nunca perceber o que acontecia no início duma doença de Alzheimer no seu marido ou esposa, e que, após o seu falecimento, os filhos fiquem surpreendidos ante a grave deterioração mental sofrida pelo doente.

Também são constantes os transtornos de personalidade e conduta. Ao princípio pode haver ansiedade, depressão, irritabilidade. Pessoas muito activas tornam-se apáticas, inactivas e, ao contrário, pessoas muito sossegadas começam a ficar inquietas, nervosas e a mover-se continuamente sem objectivos claros. É frequente que o doente se torne desconfiado, receoso, que esconda as coisas, que pense que o querem roubar ou fazer-lhe mal. Mais adiante pode haver, se bem que não sempre, agressividade, hostilidade para com seus familiares e sobretudo, para com sua esposa ou marido. A insónia, a mudança de ritmo do sono é um grave problema, podendo passar noites a pé e com grande resistência aos medicamentos que lhe possam ser receitados para dormir.

Também é típica a desorientação espacial, quer dizer, perder-se facilmente, não saber encontrar o caminho para casa e, em fases mais avançadas perder-se dentro da sua própria casa, ão sendo capaz de encontrar o quarto ou o quarto de banho.

O normal, na doença, é que não tenha problemas físicos ou de movimento e que, até fases já prévias ao final, nos últimos meses ou anos, o paciente continue a ser capaz de andar – sendo característico que se passeie de cima para baixo ou da direita para a esquerda, sem parar.

O fim é comum para esta e outras demências. Com o passar dos anos, o paciente perde a mobilidade, fica acamado, tem dificuldades para comer, não entende absolutamente nada e morre em consequência duma complicação, como por exemplo uma pneumonia…