Sistema nervoso
Por meio do seu sistema nervoso o homem regista as excitações que lhe vêm do mundo exterior; os seus órgãos e os seus músculos dão a estas a resposta apropriada.
É tanto com a sua consciência como com o seu corpo que o homem luta pela existência.
Nesse combate incessante, o seu coração, os seus pulmões, o seu fígado, as suas glândulas endócrinas, são-lhe tão indispensáveis como os seus músculos, os seus punhos, os seus utensílios, as suas máquinas e as suas armas.
Para esse fim possui dois sistemas nervosos: o central, o cérebro-espinal, consciente e voluntário, que acciona os músculos: o simpático, autónomo e inconsciente, que acciona os órgãos.
O segundo depende do primeiro. Este duplo aparelho dá à complexidade do nosso corpo a simplicidade requerida para a sua acção sobre os dos órgãos. Compõe-se de uma massa mole, esbranquiçada, extremamente frágil, que enche o crânio e a coluna vertebral.
Esta substância, por meio dos nervos sensitivos, recebe as mensagens que emanam da superfície do corpo e dos órgãos dos sentidos. Comunica ao mesmo tempo com todos os músculos do corpo por meio dos nervos motores, e com todos os órgãos através do sistema simpático.
Uma imensa quantidade de fibras nervosas percorre o organismo em todas as direcções. As suas ramificações microscópicas insinuam-se entre as células da pele, em volta das glândulas, dos canais de secreção, nas túnicas das artérias e das veias, nos invólucros contrácteis do estômago e do intestino, na superfície das fibras musculares….
A sua delicada rede estende-se por todo o corpo. Todas elas têm origem nas células que habitam o sistema nervoso central, na dupla cadeia dos gânglios simpáticos, e nos pequenos núcleos ganglionares disseminados por todos os órgãos.
Estas células são os mais nobres e delicados elementos do corpo. Com a ajuda das técnicas de Ramon y Cajal aparecem-nos com admirável nitidez.
Têm um corpo volumoso que, nas variedades existentes na superfície do cérebro, assemelha-se a uma pirâmide, e órgãos complicados, sujas funções permanecem desconhecidas.
Prolongam-se em graciosos filamentos, as dentrites e os áxonos. Certos áxonos percorrem a distância que separa a superfície cerebral da parte superior da medula. Os áxonos, as dentrites e a célula que provêm formam um indivíduo diferente, o neurónio.
As fibras duma célula nunca se unem às da outra. Terminam num cacho de botões microscópicos, cuja agitação incessante pode observar-se nos filmes. Esses botões articulam-se por meio duma membrana, a membrana sináptica, com as terminações doutra célula.
O influxo nervoso em cada neurónio propaga-se sempre no mesmo sentido, em relação ao corpo celular; a sua direcção é centrípeta nas dentrites, e centrífuga nos áxonos, e passa dum neurónio a outro através da membrana sináptica. Penetra do mesmo modo na fibra muscular dos bolbos em contacto com a sua superfície.
Mas a passagem está sujeita a uma estranha condição: é preciso que o valor do tempo, a cronoxia, seja idêntica nos neurónios contíguos, ou no neurónio e na fibra muscular.
A propagação do influxo nervoso não se faz entre dois neurónios que contêm diferentemente a passagem do tempo. Também deve haver isocronismo entre um músculo e o seu nervo.
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