Um novo caminho

Chegou o momento de começar a obra da nossa restauração. Mas não devemos estabelecer um programa – porque um programa asfixia a realidade viva numa armadura rígida, impediria o jorrar do imprevisível, e fixaria o futuro nos limites do nosso espírito.

É preciso erguermo-nos e caminhar. Libertarmo-nos da tecnologia cega, e realizar, na sua complexidade e riqueza, todas as nossas virtualidades.

As ciências da vida mostram-nos qual é a nossa finalidade, e puseram à nossa disposição os meios de a atingir.

Mas achamo-nos ainda mergulhados no mundo que as ciências da matéria inerte construíram, sem respeito pelas leis da nossa natureza, num mundo que não nos é próprio, porque nasceu dum erro da nossa razão, e da ignorância de nós próprios.

É-nos impossível realizar a adaptação a esse mundo.

Revoltar-nos-emos, portanto, contra ele. Transformaremos os seus valores. Organizá-lo-emos em relação às nossas verdadeiras necessidades.

A ciência permite-nos hoje desenvolver todas as potencialidades ocultas dentro de nós.

Conhecemos os mecanismos secretos das nossas actividades fisiológicas e mentais, e as causas da nossa fraqueza.

Sabemos como violamos as leis naturais, e qual o motivo de sermos castigados, de estarmos perdidos nas trevas.

Começamos ao mesmo tempo a descortinar, através da névoa da aurora, o caminho da salvação.

Pela primeira vez na história do mundo, uma civilização, ao atingir o começo do seu declínio, pode discernir as causas da sua doença.

Talvez saiba servir-se desse saber, e evitar, graças à maravilhosa força da ciência, o destino comum de todos os grandes povos do passado.

O nosso destino está nas nossas mãos. Precisamos de seguir avante pelo novo caminho.