Progresso social

Para auxiliar o progresso social, não basta contratar arquitectos, comprar aço e tijolos, e construir escolas, laboratórios, bibliotecas e igrejas. É preciso dar àqueles que se dedicam às coisas do espírito o meio de desenvolverem a sua personalidade, segundo a sua constituição inata e o seu ideal espiritual.

Do mesmo modo que as ordens religiosas que, durante a Idade Média, criaram uma forma de existência própria para o desenvolvimento da ascese, do misticismo e do pensamento filosófico.

A materialidade brutal da nossa civilização não só se opõe ao exercício da inteligência, como também esmaga os afectivos, os ternos, os fracos, os isolados, os que amam a beleza, os que procuram outra coisa na vida que o dinheiro, aqueles cujo requinte dificilmente suporta a vulgaridade da existência moderna.

Outrora, estes seres demasiado delicados ou demasiado incompletos podiam desenvolver livremente a sua personalidade. Mas isolaram-se e viviam fechados em si próprios. Outros refugiavam-se nos conventos, nas ordens hospitalárias e contemplativas, onde encontravam o trabalho e a pobreza, mas também a dignidade, a beleza e a paz.

Será necessário obter para os indivíduos deste tipo o meio que lhes convém, em vez de condições adversas da civilização imaterial.

Há ainda o problema não resolvido da imensa multidão dos deficientes e dos criminosos, que são um peso enorme para a população são e honesta.

O custo das prisões e dos estabelecimentos de alienados, da protecção do público contra os bandidos e loucos, tornou-se, como se sabe, gigantesco.

As nações civilizadas fazem um esforço ingente para conservarem seres inúteis e nocivos. Os anormais entravam o desenvolvimento dos normais.

É necessário olhar de frente este problema.

Por que não disporia a sociedade mais economicamente dos criminosos e alienados?

Não pode continuar a pretender discernir os responsáveis dos não responsáveis, a castigar os culpados e a poupar os autores de crimes de que são julgados normalmente inocentes.

A sociedade não é capaz de julgar os homens. Mas deve proteger-se dos elementos que a põem em perigo. Como poderá fazê-lo?